Avassaladoras noites percorridas,
lançando mensagens tecidas de coração e de mãos,
incompreensíveis.
Somente eu, minha lanterna
e a onipresente escuridão.
Dias desorientados de luz e névoa
e ideais, perseguidas miragens.
Nesta nau surrada pelo tempo,
sempre às turras com as ondas,
as pedras, as tempestades,
sem porto, sem norte, sem leme,
desisti de navegar.
Olhos calmos fechados,
minha nave abandonada,
livre do revoltado comando,
dos sentimentos açoitando o convés,
das inquietudes a rondar os porões,
livre dos pensamentos, velas tão rotas.
Minha nave à deriva,
cortejada agora pelos pássaros,
carregada pela branca espuma,
atravessada pelo vento,
como a respirar, livre,
finalmente.
18/08/2005 (versão)