Dentre tantas,
sombra de uma solidão cansada,
nunca soube quem sou,
o meu lugar, os meus desígnios.
a razão dos sofrimentos,
a origem da alegria sufocada,
que não morre em mim.
Há tanto tempo,
desde que a minha miséria te tocou,
venho repetidas, silenciosas vezes à tua morada.
Pelas manhãs, tardes, noites e madrugadas,
caminho longamente, pacientemente,
esperança de que me vejas,
ânsia pelo contato, desejo de ficar.
Na tua ausência,
a visão do lugar me basta e conforta.
No teu encontro,
há o mundo que me conhece,
paz, abrigo e descanso,
um quase caber na mão que me afaga e alimenta,
um momento em que sou sem saber,
uma alegria que se desenlaça.
E a chama em mim se mantém,
porque sei, sempre me darás o que puderes,
e sempre me guardarás com olhos e coração,
quando novamente me for.
(Amarelinha - Kate)
março/2003 (original)