Guardo,
no coração de marfim,
tudo o que me trazem,
o que não peço ou mereço,
o que jamais teve preço,
tudo o que me fazem
de bom ou ruim.
Guardo,
nos calabouços da mente,
tudo o que me ensinam,
o que não vi, mas conheço,
o que sei desde o começo
dos mistérios que alucinam,
do que ninguém mais sente.
Guardo,
nos labirintos da alma,
o que me toca e me fere,
o colorido da existência,
o dolorido da essência,
tudo o que me impele,
consome, ou acalma.
Faço
dos astros frios morada,
da noite quieta jornada
da consciência a singrar,
do pensamento a rasgar
vagas e bruma no escuro.
Etéreos náufragos procuro.
fev/2012