Hoje, me despeço das lembranças metálicas,
pungentes, meticulosamente gravadas,
dos rancores, tristezas, ressentimentos.
Deixo no
passado, abandonados,
os cuidados, as atenções e os bens que
não tive,
as crenças absolutas e os grandes embates
inúteis,
as lutas vencidas e perdidas, por nada,
os perdões negados, as culpas e os culpados,
os sonhos e planos inconclusos
que cansei de perseguir.
Deixo ao destino as mensagens
feitas de mãos, coração e alma,
lançadas ao mar do tempo
que há milênios me traz o açoite das ondas
vazias de respostas, já desnecessárias.
Digo adeus aos meus mortos,
a todos os que dentro de mim aprisionei.
Dos seus corações retiro as adagas
das dores secretas, somente minhas.
Do meu feroz pensamento os liberto
para a paz que lhes tomei.
E retomo a caminhada,
com o peito vazio,
pleno de perdas e saudades.
05/2009 - 11/2011