Cansado das mesmas
notícias, de hora em hora,
do pensamento latejante, sempre
a consumir.
Cansado dos amigos de
conveniência,
dos inimigos gratuitos,
dos dissimulados, furtivos,
dos doutores intitulados,
dos irados ante o que é
certo,
dos que não se importam
com o que seja certo.
Cansado dos que não ouvem,
dos que ouvem sem querer
entender,
dos que entendem, mas
ignoram.
Cansado dos
condescendentes,
dos auto-indulgentes,
dos narcisistas,
autocêntricos,
dos egopatas insuportáveis,
dos que mentem e omitem,
dos que só desconfiam,
dos que prometem e não
cumprem,
dos espertos compulsivos,
dos que pensam que nos
enganam.
Cansado dos que não tentam,
dos que tentam pouco e
desistem,
dos que fazem apenas o
necessário,
dos incompetentes por
escolha,
dos malditos indolentes.
Cansado do sucesso rápido
que todos querem,
da truculência pelo querer
ter, despudorada,
dos que não valorizam o que
têm,
dos que tudo querem, sem
contrapartida.
E querem! E querem! E
querem!
Cansado das religiões
usadas, encasteladas,
perpetuando dominação sobre
ignorância prolífica.
Cansado da política podre, fétida,
incurável,
comprando luxúria com a miséria
das vidas de milhões.
Cansado da falta de
coragem,
da ética de interesses e
palavras,
desalentadora, decepcionante.
Cansado de ver o triunfo
de palavras fúteis sobre
atos verdadeiros,
de impaciência sobre
perfeição,
de dinheiro sobre
dignidade,
de aparência sobre conteúdo.
Empáfia e frivolidade!
Cansado da opressão aos justos,
crédulos, bem-intencionados,
crédulos, bem-intencionados,
aos fracos, indefesos,
desprovidos,
aos diferentes, especiais,
sencientes.
Cansado de humanas crueldades
hipocritamente exercidas,
toleradas, defendidas.
Muito cansado.
Original
(compact version) - Tired of everything
Poets
of the year compilation, B&N, Sept/25/2003
Português (versão completa),
10/jul/2005, rev. jan/2012