Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

24 de outubro de 2012

Fazer as malas


Procurei pela casa, não tenho pertences,
abri cem gavetas, só encontrei sentimentos.
Quero luz sem tristeza em teus olhos atentos.
No que fui ou sonhei, não quero que penses.

Levo só o que me pede a jornada,
meu velho corpo a bem vestir a alma,
meus mil escritos gravados na mente
que há tanto tempo não se via calma.
Somente o vento sobre a pele quente
e pés descalços, nesta caminhada.

Partirei, simplesmente, ao final da tarde,
para encontrar a noite, nascida inocente
das minhas dores que não têm mais cura,
dos meus rancores de inclemência pura,
a querer morrer-se madrugada consciente.
E antes que o manto da manhã nos guarde,
percorreremos tanto tempo e espaço imenso,
pois sei, de nada preciso, a nada pertenço.

Setembro/2012