Procurei pela casa, não tenho
pertences,
abri cem gavetas, só encontrei
sentimentos.
Quero luz sem tristeza em teus
olhos atentos.
No que fui ou sonhei, não quero
que penses.
Levo só o que me pede a jornada,
meu velho corpo a bem vestir
a alma,
meus mil escritos gravados na
mente
que há tanto tempo não se
via calma.
Somente o vento sobre a
pele quente
e pés descalços, nesta
caminhada.
Partirei, simplesmente, ao
final da tarde,
para encontrar a noite,
nascida inocente
das minhas dores que não
têm mais cura,
dos meus rancores de
inclemência pura,
a querer morrer-se
madrugada consciente.
E antes que o manto da
manhã nos guarde,
percorreremos tanto tempo e
espaço imenso,
pois sei, de nada preciso, a
nada pertenço.
Setembro/2012