E se não restarem palavras,
se tudo já houver sido dito,
e ninguém houver
compreendido?
Quem as repetirá?
E se um olhar lancinante
trespassar noite e espaço,
sem recolher essências siderais?
Quem o iluminará?
E se nonsense forem os
momentos
de espera pela hecatombe,
final de todas as
ausências?
Quem me apaziguará?
E se um pássaro etéreo, garras
de fogo,
sem mais ninho para cuidar,
em meu peito decidir morar?
Quem o acalentará?
E se eu caminhar, correr, voar,
voltar para constatar que jamais
parti?
Quem me procurará?
E se o pesadelo terminar num
sonho,
e o sonho se desfizer em
vida,
e a vida se refizer em
sonho?
Quem me despertará?