Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

11 de dezembro de 2012

Pensamento em trânsito


Na tela, o papel em branco registra meu pensamento,
externado, martelado ao teclado, atropelando os dedos.

Chips eletrônicos, mágicos trituradores lógicos, insensíveis,
máquinas de mós de zeros e uns, de sins e nãos, sem um talvez,
transformando palavras em impulsos elétricos, óticos, digitais,
já sem o batimento de meu pulso.

Meu pensamento em grãos infinitesimais, aprisionado,
lançado às multivias da informação onipresente,
disputando espaço, tempo, energia, direito de existência,
em meio a bilhões de pensamentos concorrentes,
triturados.

Maldosos, cruéis, delituosos, dissimulados,
transparentes, reveladores, dramáticos, banais,  
compadecidos, caridosos, sarcásticos, debochados,
indignados, coléricos, conflituosos, pacificadores,
incômodos, inquietantes, apaziguadores, amorosos,
profanos, purificadores, construtivos, destruidores,
enganadores, esclarecedores, crédulos, inocentes,
urgentes pensamentos
transitando por transmissores, canais, receptores, servidores,
portais complacentes, filtros ingerentes, aduanas onipotentes,
direcionados, desviados, postergados, recebidos, rechaçados,  
aceitos, bisbilhotados, espezinhados em um pinball infernal
de circuitos do bem e do mal.

Meus grãos de pensamento infinitesimais,
finalmente levados ao destino,
recompostos em palavras,
com o batimento de meu pulso,
agora no papel da tela,
diante de alguém,
ou de ninguém.

07.12.2012