Ter o que fazer é primordial
ao processo cíclico,
que gera o necessário,
trazendo a contrapartida
que paga as contas,
que compram o tal necessário,
que os outros geraram,
movendo a grande roda
em que tudo é miseravelmente finito,
intransitivo, perecível, consumível,
do essencial ao supérfluo.
Escrever não é primordial...
Palavras poéticas, românticas, céticas,
reflexivas,
esclarecedoras, didáticas, ficcionais,
indignadas,
entristecidas, combativas, apaziguadoras,
animadoras.
Palavras que apenas transitam,
invadem, convencem, perduram,
interpretando seres para si mesmos e para
outros seres,
transmutando-se pela natureza de quem as
recebe,
transportando memórias, sentimentos,
visões, sonhos, essências, conhecimentos,
alentando poetas e visionários,
aprimorando inclusive aqueles
que orgulhosamente têm o que fazer.
Então, em nome dos que escrevem e também fazem,
por que diabos alguém se julgaria no direito
de tratar o escrever
como "coisa de quem não tem o que fazer"?
Nenhuma resposta seria decente.
2012 - 2013