Não me ferem mais
as ardorosas defesas dos néscios,
dos espertos e comodistas, dos abusados,
as línguas-soltas fraternas, indecentes,
a metamorfose das respostas, as omissões,
o dizer cruel autoindulgente, a desfaçatez,
o evitar pronunciar aquelas palavras tão
simples.
Não preciso mais
da interface normal para os normais,
da pedra sobre o fosso fétido,
dos farrapos internos em convulsão,
das considerações que não chegaram,
do amor esperado que não as enviou,
do amor a esperar,
morto de tanto esperar,
cremado em vida, coitado,
agora ao vento espalhado...
Não me prendem mais os nós dessa espera.
Deixo aqui todas as cordas
já desatadas.
Levo marcas em meus punhos,
já cicatrizados.
Saí do jogo,
cedi meu lugar,
doei meus pertences,
apertei o botão,
não sinto mais nada...
abril/2013