Um
dia, ainda lerei, agradecido,
tudo
o que me tenham escrito
aqueles
que se preocuparam comigo.
Por
um longo tempo ainda,
nenhuma
leitura que origine interação,
nenhuma
interação que origine reação.
Expressão
em via única,
escrevendo
apenas neste espaço,
dissecando
eventos, tropeços e quedas,
expiando
falhas, fortalecendo determinação.
Orando
diariamente, coração e alma,
por
todas as vítimas do cataclismo,
as
que feri e as que me feriram,
quem
quis destruir, no pior momento,
quem
sofreu, quem causou sofrimento,
quem
rogou pragas, quem trouxe alento.
Curando
corpo e espírito, lenta e resignadamente,
marcas
de autoflagelo, que de nada serviram,
dons
do pensamento, que quase se foram.
Reconstruindo
a vida.
Tentando
esquecer certas visões
de
mim mesmo, nas fotos e nos espelhos,
assimilar
significados e efeitos
de
coisas que disse, mas não ouvi e não sei.
Resgatando
cacos e vestígios
da
minha história.
Lacrando
gavetas emboloradas
da
indelével memória.
Confiando
em que os médicos e os químicos
exorcizem
meu demônio do meio-dia.
E meu anjo torpe, que tenha paz...