O tudo originar-se do nada.
Escuridão, explosão, expansão,
ondas gravitacionais.
Partículas precursoras, elementos
já inexistentes.
Nuvens incomensuráveis, em
sempiterna pulsação.
Berçários e cemitérios de
estrelas.
Forças em luta nos corações nucleares
e dentro de mim.
Anãs brancas, gigantes
vermelhas, quasares, pulsares.
Singularidades no
espaço-tempo,
passagens dimensionais,
limiares de eventos.
Astros dilacerados,
adentrando portais em que a luz desaparece.
adentrando portais em que a luz desaparece.
Galáxias em colisão,
construindo e destruindo mundos em evolução.
construindo e destruindo mundos em evolução.
Supernovas arremessando luz e escombros
ao Universo,
apenas um, de infinitos Universos.
Massas coronais esfarrapadas,
línguas fulgurantes ejetadas a
esmo.
Corpos planetários em
formação,
repelidos, atraídos, capturados,
orbitando, semeados, colonizados,
deformados, devastados.
Planetas sobreviventes, furiosos,
cuspindo magma e fumos,
erigindo relevos sob trevas milenares.
Placas tectônicas colidindo,
fendas e fragmentos colossais.
Oceanos convulsos procurando
espaços.
Gélidas fossas abissais.
Meteoros, cometas, rastros de
fogo e gelo,
impactos, hecatombes.
Moléculas vitais aspergidas ao
acaso,
variantes adeninas, citosinas,
guaninas, timinas,
combinando-se em ácidos
nucléicos indecifráveis,
de efêmeros, insólitos seres
ancestrais.
Períodos glaciais, períodos abrasadores,
intermináveis.
Espécies surgindo, partindo,
transmutando-se.
Vida e morte associadas
em cadeias de inexorável, inocente crueldade.
em cadeias de inexorável, inocente crueldade.
Humanóides lentamente
aprumados, caminhando,
proliferando, dominando, atemorizando,
assombrando.
Embate, crueldade de
divindades mitológicas,
regendo esplendor e decadência
de civilizações antiqüíssimas,
em míseros átimos da escala de
tempo universal.
Arrogância faraônica, crente,
embalsamada.
Hordas parvas, cretinas,
fanáticas, impiedosas,
partícipes degeneradas, manobradas
por veredas oblíquas
de vergonhosas histórias.
Fluxos piroclásticos,
petrificadas Pompéias e Herculanos.
As mãos lavadas de milhões de
Pilatos.
As mãos trespassadas do Cristo
crucificado.
As lágrimas de Maria.
Séculos de ignorância
preservada a comodismo, crendice,
obscuridade, medo.
Expedições, invasões,
conquistas, espoliações,
travestidas em descobrimentos.
travestidas em descobrimentos.
Catequeses genocidas, movidas
a fétidos interesses.
Tantos Pizarros e Impérios Incas
saqueados.
Tantos Atahualpas batizados e
assassinados,
confiantes num Sol de Ressurreição
que os abandonou.
Gerações indígenas enganadas,
escravizadas, usurpadas,
banhadas em Santo Hidrargirium,
envenenadas por metais de vil
valor.
Continentes assolados,
penúria de corpos, mentes,
corações e almas.
As Centúrias, as marés, as
ondas,
os ventos, as dunas em
movimento,
o sol calcinante, os céus
azuis,
as nuvens, as tormentas, os dilúvios,
as guerras.
Cogumelos nucleares estratégicos,
decididos, ofuscantes, carbonizando vidas.
decididos, ofuscantes, carbonizando vidas.
Egoísmo, egocentrismo,
cinismo, hipocrisia, ganância, mesquinhez,
autoindulgência,
incompreensão, desfaçatez, ignomínia,
deboche, inveja, rejeição,
palavras ferinas, ódios,
pragas, perdões, falsidade,
sinceridade,
mentira, verdade.
Multidões malignas, embrutecidas,
preponderantes,
disseminando barbárie, sincretismo
de terra devastada.
Predestinados, iluminados por inspiração
e conhecimento,
justos, compadecidos, dedicados,
altruístas, idealistas utópicos,
perdidos num mundo conduzido pela
inépcia,
ultrajados pela mediocridade ungida
por esperteza.
Miséria, fragilidade, calamidades,
deficiências, epidemias.
Ciência realimentando ciência, em ritmo exponencial,
resvalando nas fronteiras da Criação,
deslindando soluções e curas
devidas a tantos jamais
reconhecidos.
Seres construtivos e destrutivos,
proativos, inertes e omissos,
essências densas e
translúcidas,
seus pactos, sucessos,
fracassos,
suas mágoas, tragédias, passagens,
suas evoluções e retrocessos,
seus dolorosos aprendizados.
Seres Índigo, Cristal, preludiando
novas eras,
mesmo combalidos por almas tenebrosas.
Dante Alighieri e Virgílio
desalentados.
Nove Círculos do Inferno,
alegoria sobrepujada
pelos tormentos reais da
humanidade.
Ainda contemplando,
agregando memórias, percepção,
consciência,
até o momento de regressar ao nada,
a originar tudo.
a originar tudo.
fev - mai 2014