Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

30 de novembro de 2014

Acender velas


Nunca se espera,
nunca se crê ou supõe.
Jamais imaginamos
acender velas por ti.

Os olhos e as mãos o fazem,
o coração não crê,
o pensamento se confunde
em realidade surreal.

Tecidos, pertences, uma foto,
todos os teus lugares aos poucos reunidos
em pequeno relicário.

E ali ficamos, angustiados,
diante de cada tênue chama que se extingue,
como se diante de ti ainda estivéssemos,
devotados a manter acesa uma vida.

30.09.2007 - 01h45 - rev. agosto.2013

29 de novembro de 2014

A Paz no asfalto...


Repete-se a cena.
Novamente, um sábado.
Anteriormente, pela manhã, meia quadra acima.
Desta vez, final de tarde, em frente à minha casa.  

Retornando após uma saída rápida.
Lá estava ela, enorme pomba rajada, quase branca, morta, atropelada bem em frente à nossa calçada.

Como pode alguém atropelar um animal, em uma avenida totalmente sinalizada para 40 km/h, com lombadas a cada 50 metros? 
Se inevitável, por que vão embora, sem mais?

Parei o carro na calçada, tirei do porta-malas algumas coisas de que poderia precisar.

Enquanto uso um saco plástico adequado para remover e dar um fim digno àquela pequena "nave abandonada", Jussára sinaliza aos demais veículos, muitos. Um após outro, buzinam e desviam de quem perturba a sua tarde de sábado.

Três "pessoas" jovens, passando pela calçada, observam, dizem algo em voz baixa. Depois... gargalhadas.

Respiro fundo, retomo minha oração mental.

Ninguém se importa com a Paz, morta no asfalto.

Ocorrido em 07.05.2011