Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

29 de novembro de 2014

A Paz no asfalto...


Repete-se a cena.
Novamente, um sábado.
Anteriormente, pela manhã, meia quadra acima.
Desta vez, final de tarde, em frente à minha casa.  

Retornando após uma saída rápida.
Lá estava ela, enorme pomba rajada, quase branca, morta, atropelada bem em frente à nossa calçada.

Como pode alguém atropelar um animal, em uma avenida totalmente sinalizada para 40 km/h, com lombadas a cada 50 metros? 
Se inevitável, por que vão embora, sem mais?

Parei o carro na calçada, tirei do porta-malas algumas coisas de que poderia precisar.

Enquanto uso um saco plástico adequado para remover e dar um fim digno àquela pequena "nave abandonada", Jussára sinaliza aos demais veículos, muitos. Um após outro, buzinam e desviam de quem perturba a sua tarde de sábado.

Três "pessoas" jovens, passando pela calçada, observam, dizem algo em voz baixa. Depois... gargalhadas.

Respiro fundo, retomo minha oração mental.

Ninguém se importa com a Paz, morta no asfalto.

Ocorrido em 07.05.2011