Rabiscos de que tentei
desenhar um ser.
Dificuldades convertidas em capacidades.
Determinação confiante no
fluir do tempo,
na resolução dos erros e
injustiças, na utopia.
Não-omissão, em tudo o que me
trouxe a vida.
Semear, cultivar, compartilhar
uns poucos dons.
Aplicar tempo, dedicação,
mãos, coração e mente,
a serenizar dores, angústias,
carências, tristezas alheias.
Acreditar, peito e alma, em
ser assim.
Esperar coisa alguma, senão atravessar
o oceano do tempo,
quietamente, ao largo das rochas
da iniqüidade humana,
imponderáveis, ocultas pela
bruma.
Soçobrar...
Clamores que ninguém quis
ouvir.
Feridas arruinadas que ninguém
quis ver.
Estruturas colapsadas, ignoradas.
Ferozes embates de anjos e
demônios de mim.
Neuro-cataclismo.
Desvalidos rumos transtornados,
já desnorteados.
Criaturas mal-amadas, oportunistas,
pisoteando milenar pergaminho,
dissociando fibras, esmaecendo
expressão, forma, sentidos, controle,
raciocínios, abrangências,
complexidades, conclusões.
Suas reais essências humanas,
expostas em palavras, intenções,
indisfarçável maldade, ameaças,
deboche, menosprezo,
indeléveis injúrias celeradas.
Não bastaram.
Ainda sou
dominador, irado inconformismo kamikaze,
Ainda sou
dominador, irado inconformismo kamikaze,
contraditórios aprendizados
em conflito infindo,
dores, enganos, derrotas,
irremissíveis culpas,
implacável memória
de incontáveis vidas e mortes,
luz abrindo passagens
por entre meus muros de vidro,
estilhaçados,
mas sempre reconstruídos e reconstruídos,
a proteger
escombros desta cidadela,
eternamente a desafiar
as trevas.
maio - junho 2014
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®