Do que me move,
do que me estanca,
maltrata,
do que me mata.
Do que sempre fui,
das mil vidas
bem vividas,
mal vividas,
abandonadas,
interrompidas.
Das irreais curas interiores,
das esperanças e farpas
guardadas no peito,
petrificadas em suas dores,
sepultando sonhos e flores.
Dos remorsos, tantas culpas
merecidas, assumidas,
imerecidas, atribuídas.
Dos que omitiram seu livre
arbítrio,
maldizendo um, pelos erros de todos.
Da compaixão
lentamente ocupando
moradas vazias
que o perdão jamais
habitou em mim,
incapaz de retirar
adagas cravadas
nos corações dos
que estão,
dos que partiram.
Da urdidura do espaço-tempo,
seus infinitos sítios cósmicos,
seus universos paralelos,
onde incontáveis, idênticos
eus,
tristemente incomunicáveis,
jamais conseguirão ser,
sem ser assim.
janeiro - março 2014
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®