Com todos os anjos que nos
vieram e partiram,
e com o renascer pleno que será.
Com as premonições que nos
faltaram
e com as que não
compreendemos.
Com o que quisemos fazer por
tantos seres
e com o que não nos foi dado
realizar.
Com as palavras felizes que
dissemos,
e com as que nem sempre
pudemos pronunciar.
Com as coisas que merecíamos
e não mais nos fazem falta.
Com as conversas leves que o
tempo não nos permitiu,
porque escrevíamos nossa longa
história.
Com as lutas perdidas,
vencidas,
e com as que ainda venceremos.
Sonha,
voando sobre campos de
reencontro e paz,
com música etérea, praias,
gaivotas e veleiros,
com pés descalços e mãos
espalmadas ao sol,
com flores vivas gravadas
contra o azul,
com tardes de outono e
beija-flores de esmeralda,
com reinícios infindos.
Enquanto atravesso paredes de
cristal,
perseguindo caleidoscópicas
visões de sal,
degredados fragmentos de mim,
em diluição reunidos.
Enquanto consulto alfarrábios
e sextantes e astrolábios,
preparo secretas poções
balsâmicas para nossas almas
e evoco memórias futuras que
se haverão de escrever.
(Para minha esposa, Jussára)
19/21.jul.2015