Acostumou-se ao porre, meu pobre
Brasil.
Perdeu as rédeas, por entre as
mãos trêmulas.
Etilizado, envenenado,
mal sabe do fel que lhe foi
instilado,
do que lhe queima a garganta,
corrói a voz, transmuta
palavras.
Entregue à permissividade,
a diluir consciência em surtos
viciosos,
ouve vozes que não estão, perversas,
a sussurrar estórias de
grandeza onírica.
Delirante,
pisoteando trapos e fracassos,
olhar perdido no horizonte que
lhe pertencia.
Embrutecido,
não mais promessa de si mesmo,
esquecido de quem foi, de quem
queria ser,
distante dos filhos amorosos,
segue ainda perdido, meu
Brasil.
out-dez 2015