Mais um dia chegando.
Eu, aqui, sentado no chão,
cabeça fervilhando,
antecipando os rumores
urbanos.
Madrugada de sono inexistente,
mente descontente,
rumo ao amanhecer cinzento.
Poeta pobre, de pobres entes,
cansado
da luta que recomeça,
da cidade que desperta
ingerindo álcool, café, leite com água,
ou somente água,
queimando óleo e cigarros,
queimando gente.
Mais um dia sem lugar e sem
tempo,
cheio de horas marcadas,
marcando limites.
Um dia inteiro
barbeado, penteado, vestido e
calçado,
andando de lado.
Um dia de óculos,
sem ver o que mais importa.
Menos uma noite para pensar,
aplacar a ansiedade,
ouvir o silêncio.
set.1990