De repente, parece que o tempo foi pouco.
Para provar o contrário, as memórias estão
lá, todas, desde o início.
E para crer que muito tempo se passou, é
preciso revisitá-las, resgatar datas, fazer contas, considerar toda a energia
vital envolvida em cada uma.
Sensação de assustadora celeridade.
Aguda consciência da efemeridade dos seres
de cujas vidas participei.
Em breve, haverei concluído minha jornada
terrena, levando comigo percepções perturbadoras.
Não estarei mais aqui, cuidando de minha
amada de sempre e sempre.
Meus cães sentirão a minha ausência.
Como consolar aquele que se entristecerá
demais?
O que será dos meus beija-flores,
continuando a vir pelas manhãs, confiantes no néctar de todos os dias?
Quem consertará as coisas que eu consertava?
Quem ouvirá os meus conselhos?
Quem lerá os meus textos?
Quem ouvirá as minhas músicas?
Como me redimir dos perdões que não pedi
e dos perdões que não concedi?
set. 2015 - rev. jul.2017