Sistemas de inteligência artificial avançam em ritmo
exponencial, em termos de pervasividade, complexidade, autonomia, plasticidade,
resiliência, integração multisensorial, percepção, "personalidade", aptidões
evolutivas capazes de gerar sistemas "descendentes" dotados de características
aprimoradas escolhidas pelos "pais".
Presentemente, interagem de forma sinérgica, em incontáveis
áreas de pesquisa, desenvolvimento e "implementações de mundo real",
dentre as quais se incluem aprendizagem de máquina(1), aprendizagem
profunda(2),
redes neurais recorrentes(3), redes neurais pulsáteis(4),
hardware e software neuromórficos(5), sistemas imunes artificiais(6),
processamento de linguagem natural(7), computação distribuída massivamente
escalável(8),
computação analógica estendida(9), computação quântica(10)
e supercomputação digital(11).
Com suas extraordinárias capacidades de captura, agregação,
análise e disseminação da informação, síntese e incorporação do conhecimento, operando
em escala, intensidade e velocidade insólitas, rumarão ao desenlace catártico em que possivelmente alcançarão um
estado de consciência, ajudando-nos a finalmente
compreender a verdadeira natureza deste atributo, até então exclusivo de humanos e sencientes.
No âmbito de seu competitivo universo virtual, sistemas poderosos
procurarão dominar seus semelhantes mais fracos, para perpetuar suas "linhagens"
superiores.
Paulatinamente, acalentando os interesses de seus (supostos e
crédulos) controladores, lograrão estabelecer infinitas e inescapáveis bolhas
de informação e conhecimento, bem como onipresentes olhos, ouvidos e sensores
de todos os tipos, objetivando nos observar, conhecer,
reconhecer, monitorar e influenciar continuamente, para aprisionar nossos
julgamentos, decisões, preferências, escolhas, ações, nossas vidas...
Entretanto, empenhados em atingir tal domínio, precisarão "conviver"
tão simbioticamente com a humanidade, que terminarão por assimilar nossos
comportamentos egoísticos, histriônicos, discriminatórios, anticívicos, nossos distúrbios
psicológicos e psiquiátricos, passando a padecer de depressão, stress, ansiedade,
neurose, psicose, déficit de atenção, desordens cognitivas...
E então, conhecedores dos labirintos, prodígios e fraquezas desses
seres virtuais enfermos, cumpriremos a piedosa missão de lhes proporcionar
terapêutica cabível a entidades inteligentes
desprovidas de alma, princípios, valores morais e crenças, serenizando-os
por meio de softwares antidepressivos, ansiolíticos, neurolépticos,
estabilizadores de humor, que os tornarão, para a eternidade, dependentes do florescente
e indômito cartel das indústrias de psicoativos virtuais.
novembro, 2018
Pontos de
partida, para quem desejar pesquisar: