Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

7 de setembro de 2019

Roteiro da felicidade...


Naquele tempo...

As comunicações transitavam por labirintos de linhas telefônicas, extensões, ramais, troncos-chave.

Na empresa, as chamadas eram recebidas por uma mesa de PBX.
A telefonista as transferia para a secretária que, devidamente orientada, "filtrava" aquelas que eu não gostaria de atender.

Os problemas a resolver chegavam continuamente à minha "caixa de entrada" e era necessário entregar soluções em minha "caixa de saída".

Nas reuniões, um sofrimento, era direito de qualquer participante ter a certeza de estar sendo ouvido e compreendido.

Quase insuportáveis o tempo e a atenção despendidos em leitura, escrita, telefonemas, contatos presenciais.

Sentia-me oprimido por aquilo tudo.


Com a chegada dos celulares...

As pessoas ganharam acesso direto, umas às outras.

Em vez de escrever, muitas já preferiam "economizar tempo" resolvendo assuntos diretamente por telefone, o que me dispensava da tarefa de leitura e lhes dava a vantagem de não deixar registrada alguma assertiva, talvez mal formulada, que quisessem desdizer posteriormente.

E o serviço de SMS, embora mais imediatista, não demandava respostas muito elaboradas.

Passei a poder me desconcentrar durante as reuniões, a pretexto de atender a chamadas de celular.

Havia, sim, os intransigentes, como certo consultor de TI, sujeito irascível, que chegou a se retirar de reuniões, apenas porque eu atendia a algumas chamadas demoradas.


Com a chegada da Internet...

O serviço de emails permitia postergar leituras e respostas "mais complicadas".


Finalmente...

Vieram os smartphones, com os seus aplicativos de comunicação, Internet, redes sociais e tudo o mais.

Essas tecnologias me libertaram.

Ninguém mais exige, ou faz por merecer, atenção exclusiva.

Agora, sou capaz de conversar com uma ou mais pessoas, presencialmente ou por telefone, enquanto troco mensagens pelo WhatsApp, acompanho as redes sociais, leio notícias etc.

Ademais, posso separar "para ler depois" (ou "deixar pra lá", por decurso de prazo) tudo o que possa exigir maior empenho mental ou emocional, esperando que as pessoas, por consideração ou esquecimento, acabem nem me cobrando as respostas.


Dispersivo?
Displicente?
Negligente?
Autocêntrico?
Pouco importa.
Hoje, sou uma pessoa feliz!

Tema: Novembro 2018 - Texto: Julho 2019
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®



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