(Imagem: © Andriy Onufriyenko / Getty
Images)
Uma visão abrangente da COVID-19 e de seu agente patogênico SARS-CoV-2.
Este artigo compila e analisa as informações disponíveis até o
momento
sobre o vírus, os sintomas, efeitos, lesões, eventos e seqüelas da
doença,
bem como os "subsistemas" afetados, no organismo humano.
Os textos autorais e a organização das informações apresentadas
foram
cuidadosamente estudados para atender aos objetivos globais do artigo
e não
devem ser utilizados fora deste contexto.
Por favor, não copie parcial ou integralmente.
Se desejar compartilhar este artigo, utilize um link para esta
página.
(Este website não objetiva e não precisa de pageviews...)
Textos
autorais, traduções,
pesquisa,
compilação, tabulação e cruzamento de dados.
©
2020 - Alfredo Cyrino
Conteúdo
Este índice contém hiperlinks que conduzem diretamente a cada tópico.
Recomendo a leitura sequencial do texto.
COVID-19 é
doença viral altamente contagiosa e potencialmente sequelante, cuja
gravidade pode variar desde condições assintomáticas, até síndrome respiratória
grave, doença sistêmica endotelial e possivelmente doença hematológica,
dependendo de fatores como:
·
capacidade de reação do sistema
imunológico do paciente;
·
rotas de disseminação do vírus, no
organismo;
·
severidade com que atinja outros órgãos
e sistemas.
Veículos jornalísticos,
responsáveis principais por informar a população, parecem tratar como "novidades"
ou eventos inusitados e pouco freqüentes as chamadas "complicações"
da COVID-19 que afetam, além do aparelho respiratório, inúmeros outros sistemas
do organismo humano.
Alguns outros veículos informativos
(p.ex., revistas online ou impressas) consideram a abordagem de doença
sistêmica, mas de maneira um tanto superficial.
Gestores de políticas
públicas de saúde, pesquisadores, médicos, profissionais de saúde em geral, e
outros envolvidos no combate à doença, em sua maioria, aparentemente evitam
enunciar publicamente uma visão abrangente da natureza da COVID-19.
Interessados em conhecer os
motivos deste artigo, as referências, a fundamentação e as explicações
(simplificadas), encontrarão a seguir um texto razoavelmente conciso.
Objetivando somente as
perspectivas científicas do tema, este texto não incorre em quaisquer
considerações políticas relacionadas.
Este texto não preconiza
(nem desaconselha) quaisquer medidas de distanciamento social, ou o uso de quaisquer medicamentos específicos,
para tratamento ou prevenção da COVID-19.
Relatórios de pesquisas sobre
"reposicionamento de medicamentos" constam das referências,
unicamente porque se relacionam diretamente com a compreensão da patogênese
viral.
Medicamentos
tiveram seus nomes destacados em verde, para evidenciar a infinidade de fármacos
cujos efeitos e mecanismos de ação estão sendo estudados.
Em sua maioria, os
documentos citados como referências são dinamicamente atualizados, de modo que
os respectivos links poderão não conduzir às suas versões mais recentes (as
quais sempre poderão ser facilmente acessadas, nos websites de destino).
Não possuo formação acadêmica
em áreas diretamente relacionadas a este tema.
Engenheiro de sistemas, pensador
obstinado diante de problemas instigantes, cuja solução possa ser relevante
para os seres humanos.
Tradutor profissional,
especialista em terminologias técnicas, inclusive relacionadas a este tema.
·.Asseguro a fidelidade das traduções/versões dos textos
aqui referenciados.
·.Para leitura dos originais completos, os
respectivos links sempre estarão ao final de cada tópico.
Venho, há anos, aplicando tempo
substancial ao estudo meticuloso de matérias científicas de inúmeras áreas de
conhecimento, provenientes de fontes confiáveis e, tanto quanto possível, politicamente
neutras.
Desde o advento da epidemia
de SARS (2002), tenho priorizado publicações das áreas de genética, biologia
molecular (em especial genômica), infectologia, epidemiologia, biocomputação e
correlatas, além daquelas relativas ao estado de preparação (preparedness) global
em face do provável e iminente surgimento de uma pandemia.
Quanto a este último
aspecto, conclusões sempre desalentadoras sobre o que a Humanidade poderia (ou
não) realizar, em ternos de prevenção e mitigação de um desastre de tais
proporções.
Ilustrando as preocupações
mencionadas no parágrafo anterior, transcrevo trechos deste relatório
científico, abordado há 2 anos pela Live Science, contendo uma perfeita
descrição antecipada do vírus causador da COVID-19.
Here's What the Next Pandemic Pathogen Might Look Like
By Rachael
Rettner May 12, 2018
Versão: Alfredo Cyrino
[Notas do
tradutor estão entre colchetes.]
Este é o provável perfil do
próximo patógeno pandêmico
Por Rachael Rettner
12 de Maio de 2018
"Precisamos encarar seriamente
os vírus respiratórios", disse o Dr. Amesh Adalja, pesquisador do Centro
Johns Hopkins para Segurança da Saúde, em Baltimore, que conduziu a elaboração
do relatório.
"Existe muito foco em doenças que não
serão capazes de alterar a civilização, da maneira
que ela seria alterada por algo que se dissemine pela via respiratória".
...
...
...
Historicamente, as autoridades têm-se
preparado para pandemias, concentrando-se em uma lista de "suspeitos
comuns" —
doenças que causaram surtos no
passado, como a gripe e a SARS (síndrome respiratória aguda grave), ou aquelas
que poderiam ser usadas como armas biológicas.
Mas, essa abordagem não considera
patógenos que não sejam conhecidos atualmente, ou que historicamente [já] não tenham causado surtos, disseram os pesquisadores.
Assim sendo, para [este] novo relatório, os pesquisadores iniciaram basicamente do
zero, sem noções preconcebidas sobre qual seria o culpado mais provável por tais
pandemias. Eles revisaram a literatura sobre o potencial patogênico de microrganismos
—
em outras palavras, a
probabilidade de os germes se espalharem rapidamente — bem como tópicos relacionados; e entrevistaram mais de 120
especialistas em campo.
O relatório constatou que um
patógeno com potencial para causar um desastre pandêmico global, além de ser
transportado pelo ar, provavelmente teria as seguintes características:
• Seria contagioso durante o
"período de incubação", antes que as pessoas apresentassem algum
sintoma, ou quando apresentassem apenas sintomas leves;
• Seria um micróbio ao qual a
maioria das pessoas não fosse imune e, portanto, haveria uma grande população
de hospedeiros humanos suscetíveis;
• Não haveria [para
a doença causada por ele] um método de tratamento ou
prevenção já existente;
• Teria uma taxa de mortalidade
"baixa, mas significativa".
Embora a característica final
possa parecer surpreendente, Adalja observou que um patógeno não precisa ter
uma alta taxa de mortalidade, nem matar a maioria das pessoas infectadas, para
causar grandes perturbações na sociedade. "Ele precisa apenas adoecer uma
grande quantidade de pessoas", disse ele à Live Science. (Um patógeno com uma alta taxa de mortalidade poderia matar
muitas pessoas muito rapidamente e, portanto, ficar sem "hospedeiros"
para se espalhar mais, observou o relatório.)
Recomendo também a leitura integral
deste primoroso artigo publicado pela Time Magazine, em 04 de maio de 2017.
Deixo de apresentar a
tradução, por tratar-se de um texto bastante longo.
The World Is Not
Ready for the Next Pandemic
By Bryan Walsh
O mundo não está preparado para a
próxima pandemia
Compor uma visão evidence-based da patogênese do vírus SARS-CoV-2
(causador da COVID-19) exigiu analisar o tema por meio de métodos iterativos de
pesquisa, aquisição e cruzamento de informações,
para identificar
os seguintes três aspectos.
Dentre
centenas de matérias informativas e relatórios de pesquisas detidamente
examinados, publicados em repositórios internacionais dinamicamente atualizados,
relaciono apenas uma parte daqueles que contribuíram para a compreensão destas
características.
Análise de alvos terapêuticos
para SARS-CoV-2 e descoberta de
potenciais medicamentos por métodos computacionais
Fonte: Science Direct (Elsevier)
Publicação: 27.02.2020
Comentário:
Um dos primeiros estudos deste tipo.
Pesquisa sobre medicamentos potencialmente
utilizáveis no combate ao SARS-CoV-2, analisados por simulação em
supercomputadores, quanto aos seus potenciais de ligação às proteínas
envolvidas na invasão das células humanas e na replicação do vírus.
Analysis
of therapeutic targets for SARS-CoV-2 and discovery of potential drugs by
computational methods
Reposicionamento de
medicamentos auxiliado por supercomputador em escala: Triagem virtual para
inibidor da protease do SARS-CoV-2
Fonte:
ChemRxiv (ACS-American Chemical Society, Chinese Chemical Society,
Chemical Society of Japan, GDCh - German Chemical Society, Royal Society of
Chemistry).
Publicação: 10.04.2020
Supercomputer-aided
drug repositioning at scale: Virtual screening for SARS-CoV-2 protease
inhibitor
Acoplamento molecular revela o
potencial de aliscireno, dipiridamol, mopidamol,
rosuvastatina, rolitetraciclina e metamizol, na inibição da principal
protease do vírus da COVID-19.
Fonte:
ChemRxiv (ACS-American Chemical Society, Chinese Chemical Society,
Chemical Society of Japan, GDCh - German Chemical Society, Royal Society of
Chemistry).
Publicação: 03.04.2020
Molecular docking reveals the potential of aliskiren,
dipyridamole, mopidamol, rosuvastatin, rolitetracycline and metamizole to
inhibit COVID-19 virus main protease.
Biologia estrutural indica um
caminho para vacina contra o Coronavírus
Fonte: NIH - National Institutes of Health (USA)
Publicação: 03.03.2020
Structural Biology Points Way to Coronavirus Vaccine
Enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) é
um receptor funcional para o coronavírus SARS. [Refere-se à epidemia de SARS
iniciada em 2002].
Fonte: NCBI -
National Center for Biotechnology Information (USA)
Publicação: 27.11.2003
Comentário:
Estudo sobre o papel da enzima ACE2, na
infecção pelo SARS-CoV (2002-2004)
Angiotensin-converting enzyme 2 is a
functional receptor for the SARS coronavirus
Um modelo preditivo da inativação do
coronavírus, em função de temperatura.
Fonte:
ChemRxiv (ACS-American Chemical Society, Chinese Chemical Society,
Chemical Society of Japan, GDCh - German Chemical Society, Royal Society of
Chemistry).
Publicação: 04.05.2020
A
predictive model of the temperature-dependent inactivation of coronaviruses.
Tratamento antiviral da COVID-19
Fonte: NCBI -
National Center for Biotechnology Information (USA)
Publicação: 15.04.2020
Comentário:
Discute o uso de antivirais no tratamento da
COVID-19.
Estudo relevante para compreensão dos
mecanismos de infecção, por meio de descrição e análise das formas de ação dos fármacos
analisados (cloroquina, hidroxicloroquina, lopinavir
/ ritonavir, favipiravir, remdesivir, nitazoxanida, ivermectina).
Antiviral
treatment of COVID-19
Potencial terapêutica dupla contra
SARS-CoV-2 / COVID-19, com nitazoxanida e
hidroxicloroquina.
Fonte: ResearchGate (Berlin, Germany)
Publicação: Março de 2020
Comentário:
Estudo relevante para compreensão dos
mecanismos de infecção, por meio de descrição e análise das formas de ação desses
medicamentos.
Potential
dual therapeutic approach against SARS-CoV-2/COVID-19 with Nitazoxanide and
Hydroxychloroquine
Metronidazol,
uma potencial nova adição ao regime de tratamento da COVID-19.
Fonte: Fonte: NCBI - National Center for
Biotechnology Information (USA)
Publicação: 30.03.2020
Comentário:
Estudo relevante para compreensão dos
mecanismos de infecção, por meio de descrição e análise das formas de ação desse
medicamento.
Metronidazole;
a Potential Novel Addition to the COVID-19 Treatment Regimen
Caracterização das doenças MERS e COVID-19
Fonte:
NIH - National
Institutes of Health (USA)
NIAID - National
Institute of Allergy and Infectious Diseases
Publicação: 22.04.2020
Comentário:
Resultados de estudos de similaridades entre
as doenças MERS (2012) e COVID-19.
Considero importante destacar este
trecho (sublinhei):
"After
entering the cell, the viruses delay usual immune system responses, allowing
the infection to gain a foothold. By the time the immune system responds, the
infection has progressed and becomes much harder to fight..."
"Depois de entrar na célula, os
vírus atrasam as respostas usuais do sistema imunológico, permitindo que a
infecção se estabeleça.
Quando o sistema imunológico responde, a
infecção [já] progrediu e se torna muito mais difícil de combater..."
Characterizing
MERS and COVID-19 Disease
Estudo genômico aponta para origem natural
da COVID-19.
Publicação: 25.03.2020
Fonte: NIH - National Institutes of Health (USA)
Comentário:
Considero importante destacar este
trecho (sublinhei):
"The
genomic data of the new coronavirus responsible for COVID-19 show that its spike
protein contains some unique adaptations. One of these adaptations provides
special ability of this coronavirus to bind to a specific protein on human
cells called angiotensin converting enzyme (ACE2)."
"Os dados genômicos do novo
coronavírus, responsável pela COVID-19, mostram que a sua proteína spike
contém algumas adaptações únicas. Uma dessas adaptações provê a esse
coronavírus a capacidade especial de se ligar a uma proteína específica nas
células humanas, a enzima conversora de angiotensina (ACE2)."
Genomic
Study Points to Natural Origin of COVID-19
Reconhecimento de receptores
pelo novo coronavírus de Wuhan: uma análise baseada em estudos estruturais do
SARS-coronavírus, ao longo de uma década.
Fonte: American Society for Microbiology - Journal of
Virology
Publicação: 17.03.2020
Receptor
Recognition by the Novel Coronavirus from Wuhan: an Analysis Based on
Decade-Long Structural Studies of SARS Coronavirus
O perfil de um assassino: a complexa
biologia que "alimenta" a pandemia de coronavírus.
Fonte: Nature.com - Nature Research Journal
Publicação: 04.05.2020
Comentário:
Artigo excepcionalmente
explicativo e elucidativo.
Profile
of a killer: the complex biology powering the coronavirus pandemic
Das
referências apresentadas no item anterior, podemos delinear simplificadamente a
patogênese do SARS-CoV-2.
Há
uma infinidade de coronavírus que infectam aves e mamíferos.
São
conhecidos apenas 7 coronavírus capazes de infectar seres humanos:
1.
Coronavírus humano OC43 (HCoV-OC43)
2.
Coronavírus humano HKU1 (HCoV-HKU1)
3.
Coronavírus humano 229E (HCoV-229E)
4.
Coronavírus humano NL63 (HCoV-NL63)
5.
Coronavírus MERS-CoV, causador da MERS - Síndrome Respiratória do Oriente Médio
[2012 em diante]
6.
Coronavírus SARS-CoV, causador da SARS - Síndrome Respiratória Aguda Grave [2002
a 2004]
7.
Coronavírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19.
Os
4 primeiros causam enfermidades relativamente leves.
Os
3 últimos causam enfermidades potencialmente graves.
Tanto
o SARS-CoV-2 (causador da COVID-19), quanto o seu "antecessor"
SARS-CoV (causador da SARS), utilizam como "porta de entrada" uma
enzima existente no organismo humano, ligando-se a ela e a utilizando
para literalmente abrir caminho para invadir as células.
Essa
"porta de entrada" é a ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2), que desempenha importantes funções no
organismo.
Entretanto,
o SARS-CoV-2 liga-se à ACE2 de um modo notavelmente "aprimorado" e 10
a 20 vezes mais "forte" do que o seu antecessor SARS-CoV, o que
explica o seu elevado poder de infecção e, portanto, de disseminação.
Por
decorrência, quando o SARS-CoV-2 entra em contato com um tecido em cujas
células a ACE2 esteja presente, é muito
elevada a probabilidade de que tenha êxito infectando esse tecido.
(Contornando
os tecnicismos já vistos nas referências mencionadas.)
· O SARS-CoV-2 se assemelha a uma esfera cravejada de
"espinhos" [spike proteins, ou espículas; complexas
estruturas protuberantes, constituídas de proteínas "entrelaçadas"].
o Pense em um fruto de
mamona, reduzido à dimensão de 50 a 200 nanômetros, ou seja, 50 a 200
bilionésimos de milímetro.
· Examinados "bem de perto", esses
"espinhos" apresentam "formas", "saliências" e "reentrâncias"
[constituindo o denominado RBD - receptor-binding domain] que se "encaixam" perfeitamente [ligam-se
quimicamente]
em determinados locais [receptores] das moléculas de ACE2.
o Pense nesses "espinhos"
como se fossem "chaves-tetra" e nos receptores como sendo suas
respectivas e únicas "fechaduras".
· O vírus "reconhece" com perfeição as
"fechaduras" da ACE2 adequadas para acoplar as suas
"chaves-tetra".
· Uma vez acoplado à ACE2, o vírus "comanda"
quimicamente um processo relativamente complexo para "abrir a porta",
o que lhe permite invadir a célula, injetando nela o seu código genético (RNA)
e recrutando o "maquinário genético" da célula para produzir novos vírus
a partir de cópias desse RNA.
· Os novos vírus deixam a célula hospedeira, que
morre.
(Como consta das referências já mencionadas.)
O
vírus invade inicialmente o organismo pelas mucosas da boca, garganta, nariz,
olhos (onde a ACE2 também se faz presente), permanecendo nessas regiões por um
curto período, até "ganhar tração" para chegar aos pulmões.
Eventualmente,
dependendo de inúmeros fatores, o vírus pode infectar diretamente os pulmões,
sendo ainda desconhecido o exato mecanismo desta ocorrência.
Nos
pulmões, onde a ACE2 existe em profusão, especialmente nas células endoteliais
dos microalvéolos pulmonares (onde ocorre a hematose (responsável pelas trocas
gasosas envolvendo Oxigênio e CO2), o vírus causa uma pneumonia viral e ganha
também acesso à circulação sanguínea (conforme estudo citado no Item 8) que, em tese, transportaria
partículas virais para outros "subsistemas" do corpo humano.
Como
elementos comuns aos "subsistemas"
susceptíveis à infecção pelo SARS-CoV-2, temos a própria circulação sanguínea, presente em (quase) todos os
tecidos do organismo, e temos a ACE2 ("porta
de entrada" para o SARS-CoV-2), presente na superfície externa (membrana
celular) das células de inúmeros órgãos e sistemas do corpo humano, dentre os
quais:
· Alvéolos pulmonares;
· Endotélio (revestimento protetor interno) de todos
os vasos (veias, artérias, capilares...) do sistema circulatório;
· Coração: nos cardiomiócitos (células musculares) e
no endotélio vascular das coronárias;
· Rins;
· Intestino delgado: nos enterócitos (células absortivas
do epitélio intestinal);
· Musculatura lisa, na maioria dos órgãos;
· Olhos: nas conjuntivas e superfície dos globos
oculares;
· Cérebro, onde também está presente a "expressão
do mRNA" da ACE2 [RNA mensageiro que induz a produção da ACE2]: no córtex cerebral, no corpo
estriado, no hipotálamo, no tronco cerebral, e na glia (células com funções como
sustentação, nutrição e fagocitose).
A
seguir, o resultado de levantamento, tabulação e cruzamento de informações
relativas aos "subsistemas susceptíveis" mencionados no tópico
anterior.
Esta
coletânea não exaustiva de matérias, pesquisas e estudos selecionados, sobre
sintomas, lesões, eventos e seqüelas da COVID-19, afetando inúmeros "subsistemas"
do organismo humano, corrobora por evidências a natureza sistêmica da COVID-19.
Estes
relatórios não tratam de eventos isolados, mas sim de observações,
pesquisas e análises realizadas em instituições médicas e científicas relevantes
e considerando grupos significativos de pacientes.
·
Cardiovascular
Qual a associação entre COVID-19 e morbidade
e mortalidade por doença cardiovascular?
American
College of Cardiology
26.03.2020
What is
the association between COVID-19 and morbidity and mortality from cardiovascular
disease?
·
Renal
Doença renal
crônica está associada à infecção grave por coronavírus - COVID-19.
NCBI - National Center for Biotechnology
Information (USA)
28.03.2020
Chronic kidney disease is associated with
severe coronavirus disease (COVID-19) infection
·
Pulmonar
Pneumonia viral
Lesões características bilaterais, de
extensões aproximadas; imagens de vidro fosco (ground glass) ou opacidades com atenuação
de vidro fosco.
Características de imagens para COVID-19 - Vídeo
Osmosis.org
- USA
16.03.2020
Imaging
features of COVID-19 - video
·
Gastrointestinal
COVID-19 e sintomas
gastrointestinais
WebMD - USA
03.2020
COVID-19
and Gastrointestinal Symptoms
Sintomas gastrointestinais
comuns em pacientes de COVID-19
Stanford Medicine - USA
16.04.2020
Gastrointestinal symptoms common in COVID-19 patients
Especialista da Mayo Clinic
explica os sintomas gastrointestinais relacionados à COVID-19
Mayo Clinic - USA
08.04.2020
Mayo Clinic expert explains gastrointestinal symptoms
related to COVID-19
·
Pancreático
Acumulam-se indícios sugerindo que o
coronavírus pode desencadear diabetes.
Evidências de estudos de tecidos e de algumas
pessoas com COVID-19 mostram que o vírus danifica as células produtoras de
insulina.
Nature.com
- Nature Research Journal
24.06.2020
Mounting
clues suggest the coronavirus might trigger diabetes
Evidence from tissue studies and some people with
COVID-19 shows that the virus damages insulin-producing cells.
·
Hematológico
Coagulopatias - trombocitopenia, sangramento,
trombose
Mecanismo de trombocitopenia em pacientes de
COVID-19.
NCBI - Mechanism
of thrombocytopenia in COVID-19 patients
15.04.2020
FAQ sobre o potencial impacto da COVID-19,
sobre o risco de trombose e/ou sangramento.
American
College of Cardiology
22.04.2020
FAQ on
the potential impact of COVID-19 on thrombotic and/or bleeding risk
·
Cerebral & Neurológico - seqüelas diversas
COVID-19 está relacionada a AVC de grandes
vasos, em adultos jovens.
Medscape
- USA
24.04.2020
COVID-19
Linked to Large Vessel Stroke in Young Adults
Como a COVID-19 afeta o cérebro.
Medscape
- USA
17.04.2020
How COVID-19
Affects the Brain
·
Dermatológico
Lesões características nos dedos das mãos e
dos pés.
Registro de dermatologia online sobre a
COVID-19.
American
Academy of Dermatology
Online
COVID-19 dermatology registry
2020 - continuamente atualizado
Lesões nos artelhos, similares a queimaduras pelo frio.
Live Science - USA
30.04.2020
Live Science -
Frostbite Toes - COVID-19
Numerosos relatórios de rashes
cutâneos relacionados à COVID-19
Live Science - USA
04.05.2020
Numerous
reports of skin rashes tied to COVID-19
Coronavírus: Crianças afetadas
por rara doença do tipo Kawasaki.
BBC - English
14.05.2020
Coronavirus:
Children affected by rare Kawasaki-like disease
Hipóxia silenciosa pode estar matando
pacientes de COVID-19.
Resumo (tradução)
Pacientes cujos níveis de saturação de
oxigênio no sangue são extremamente baixos, mas que não respiram com
dificuldade. Esses pacientes estão bastante doentes, mas sua doença não
se apresenta como uma típica síndrome de desconforto respiratório agudo.
Live Science - Silent hypoxia may be
killing COVID-19 patients
23.04.2020
Pneumonia
silenciosa, que dificulta o diagnóstico de casos graves de COVID-19, intriga
médicos.
Matéria
muito importante.
BBC
- Português
24.04.2020
Oximetria de pulso pode ser um divisor de
águas, segundo médico de emergência.
Medscape - USA
24.04.2020
COVID-19:
Home Pulse Oximetry Could Be Game Changer, Says ER Doc
·
Oftalmológico
Manifestações oculares e características
clinicas de 534 casos de COVID-19, na China: um estudo transversal.
MedRxiv (Cold Spring Harbor Laboratory - CSHL, Yale
University, and BMJ)
16.03.2020
Ocular manifestations and clinical
characteristics of 534 cases of COVID-19 in China: A cross-sectional study
·
Oral
Elevada expressão do receptor ACE2 para o SARS-CoV-2,
nas células epiteliais da mucosa oral.
NCBI - National Center for Biotechnology
Information (USA)
IJOS -
International Journal of Oral Science
24.02.2020
High
expression of ACE2 receptor of 2019-nCoV on the epithelial cells of oral mucosa
Esta matéria auto-explicativa e didática, do Hospital
Universitário de Zurique (Suíça), é suficiente para esta caracterização.
COVID-19: also a systemic endotheliitis
University Hospital Zurich (UHZ)
20.04.2020
Versão:
Alfredo Cyrino
[Notas do
tradutor estão entre colchetes.]
COVID-19: também uma endotelite
sistêmica
Hospital Universitário de Zurique
20.04.2020
A COVID-19 tem sido considerada
uma doença pulmonar.
Até agora, não está claro o
motivo pelo qual os pacientes sofrem falência de órgãos, com risco de morte, em
outros órgãos que não os pulmões.
Uma equipe interdisciplinar do
Hospital Universitário de Zurique demonstrou agora que o SARS-CoV-2 causa diretamente
uma inflamação nos vasos sanguíneos e que isto pode levar à falência de órgãos
e até mesmo à morte.
Os primeiros pacientes de COVID-19,
com progressões graves da doença, sofriam principalmente de inflamações
pulmonares virais de difícil tratamento, como complicação. Esta é uma doença
típica relacionada aos coronavírus, uma vez que eles atacam principalmente as
vias respiratórias.
Entretanto, os médicos perceberam
que um número crescente de pacientes apresentava problemas cardiovasculares e
falência de múltiplos órgãos, e não estava claro se e até que ponto isto
estaria relacionado à inflamação dos pulmões dos pacientes. Como estes eventos
afetavam principalmente as pessoas idosas, os médicos assumiram que o stress
orgânico causado pelo vírus estaria desencadeando problemas cardiovasculares
típicos desta faixa etária.
Alterações e SARS-CoV-2 em todos
os vasos sanguíneos
Durante análises de amostras de
tecidos obtidas após a autópsia de pacientes falecidos com COVID-19, os
patologistas do Hospital Universitário de Zurique descobriram agora que os
pacientes não estavam sofrendo apenas de uma inflamação dos pulmões, mas também
de uma inflamação de todo o tecido
endotelial, em uma ampla variedade de
órgãos.
Além disto, o patologista Prof.
Zsuzsanna Varga utilizou um microscópio eletrônico para constatar pela primeira
vez que o SARS-CoV-2 está presente e causa necrose celular no tecido
endotelial.
O tecido endotelial é uma camada
celular que atua como um revestimento protetor nos vasos sanguíneos e regula e
equilibra diversos processos nos microvasos. A interrupção desse processo
regulatório pode, por exemplo, causar distúrbios circulatórios nos órgãos e
tecidos corporais, resultando em necrose celular e, portanto, na morte desses
órgãos ou tecidos.
O vírus atacando o próprio
sistema de defesa do corpo
Os pesquisadores concluíram que o vírus não ataca o hospedeiro através dos pulmões, como se presumia
anteriormente, mas sim ataca diretamente o sistema de defesa do corpo, através
dos receptores ACE2 encontrados no tecido endotelial, e se dissemina, e causa uma inflamação geral
do tecido endotelial, o que interrompe a sua função
protetora.
Isto significa que o vírus não apenas
desencadeia a inflamação dos pulmões, o que causa outras complicações, mas
também é diretamente responsável pela endotelite
sistêmica, uma inflamação de todo o tecido endotelial do corpo, que afeta todos
os leitos dos vasos - no coração, no cérebro, no pulmão e nos vasos renais, bem
como nos vasos no trato intestinal.
As conseqüências são fatais, pois
isto resulta em graves distúrbios microcirculatórios que danificam o coração,
desencadeiam embolias pulmonares e oclusões vasculares no cérebro e no trato
intestinal, podendo também levar à falência de múltiplos órgãos e até mesmo à
morte.
O tecido endotelial de pacientes
mais jovens geralmente é capaz de lidar bem com os ataques lançados pelo vírus.
A situação é diferente para
pacientes que sofrem de hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca ou
doenças cardíacas coronarianas, todas estas condições possuindo uma coisa em
comum: sua função endotelial está acentuadamente prejudicada.
Estes pacientes estarão
particularmente em risco, se forem infectados pelo SARS-CoV-2, pois a sua
função endotelial, já enfraquecida, diminuirá ainda mais, especialmente durante
a fase em que o vírus se reproduz mais.
Este é o modelo de patogênese mais aceito, caracterizando a
COVID-19 como doença viral primariamente
respiratória.
Crédito desta imagem - ResearchGate.net
Entretanto (além do modelo
de doença sistêmica endotelial, apresentado no tópico anterior), um modelo de patogênese
caracterizando a COVID-19 como doença hematológica
viral parece oferecer insights valiosos em muitos aspectos que, segundo diversas publicações relevantes, ainda
intrigam pesquisadores e médicos, podendo, talvez, ser adotado em contraposição
ou em complemento ao modelo mais aceito.
O
estudo científico que primeiro apontou nesta direção (causando certa polêmica) preconiza
basicamente que:
· Em vez de causar primariamente uma doença pulmonar,
o vírus poderia estar apenas invadindo o organismo através dos pulmões, por
onde chegaria diretamente ao sangue, atacando a hemoglobina e comprometendo
assim a capacidade de oxigenação (o que é condizente com a referência
anterior, sobre "Hipóxia silenciosa").
· Por meio da circulação sanguínea, o vírus chegaria aos
demais órgãos e sistemas do corpo.
· A síndrome respiratória seria apenas um dos sintomas
graves a se evidenciar quando os tecidos pulmonares estivessem já bastante lesionados,
inclusive pela severa queda nos níveis de trocas gasosas CO2 / 02.
Fonte:
ChemRxiv (ACS-American Chemical Society, Chinese Chemical Society,
Chemical Society of Japan, GDCh - German Chemical Society, Royal Society of
Chemistry).
06.mar.2020 - Publicada a Versão 1
Doença COVID-19: ORF8 e glicoproteína de
superfície inibem o metabolismo do heme, por ligação à porfirina
13.abr.2020 - Publicada a Versão 7
COVID-19 ataca
a cadeia 1-beta da hemoglobina e captura a porfirina para inibir o metabolismo
do heme humano.
14.abr.2020 - Publicada uma contestação à Versão 7
Métodos falhos
em [referência à versão 7 do estudo]
27.04.2020 - Publicada a Versão 8
A despeito da contestação à versão 7, os
autores revisaram o estudo e o mantiveram publicado.
COVID-19 ataca
a cadeia 1-beta da hemoglobina e captura a porfirina para inibir o metabolismo
do heme humano.
Recomendo a leitura da
íntegra e não apenas do abstract abaixo transcrito.
COVID-19 Attacks the 1-Beta Chain of Hemoglobin and
Captures the Porphyrin to Inhibit Human Heme Metabolism
Version 8
Versão:
Alfredo Cyrino
[Meus melhores
esforços em face de um texto escrito em Inglês um tanto deficiente.]
[Notas do
tradutor estão entre colchetes.]
COVID-19
ataca a cadeia 1-beta da hemoglobina e captura a porfirina para inibir o
metabolismo do heme humano.
Versão
8
Preprint revisado em 25.04.2020 e
postado em 27.04.2020
Por Liu Wenzhong, Li Hualan
A nova pneumonia por coronavírus
(COVID-19) é uma doença respiratória aguda infecciosa, causada pelo novo
coronavírus.
Trata-se de um vírus de RNA de cadeia
de sentido positivo, de alta homologia com o coronavírus dos morcegos.
Neste estudo, utilizamos análise
de domínios conservados, modelagem de homologia e acoplamento molecular, para
comparar os papéis biológicos de proteínas específicas do novo coronavírus.
Os resultados mostraram que
algumas proteínas virais estruturais e não estruturais podem ligar-se respectivamente
[sic] à porfirina.
Ao mesmo tempo, as proteínas ORF1ab, ORF10 e ORF3a coordenam-se para atacar o
heme na cadeia 1-beta da hemoglobina, dissociando o Ferro para formar
porfirina.
A desoxihemoglobina é mais
vulnerável aos ataques do vírus do que a hemoglobina oxidada.
O ataque faz com que cada vez
menos hemoglobina possa transportar Oxigênio e Dióxido de Carbono, produzindo
sintomas de desconforto respiratório.
O ataque do vírus danifica muitos
órgãos e tecidos.
As células pulmonares tornam-se intoxicadas
e inflamadas, devido aos derivados produzidos pelo ataque, o que eventualmente
resulta em imagens pulmonares semelhantes a vidro fosco.
Os [vasos] capilares quebram-se [sic] facilmente,
devido à inflamação.
Proteínas como o fibrinogênio
preenchem as fendas [trincas] dos
capilares, através da reação de coagulação. Portanto, acumulam-se muita fibrina
e muitos trombos no tecido pulmonar de pacientes críticos.
O mecanismo também interfere na
via anabólica normal do heme do corpo humano, sendo esperadas [outras] doenças como resultado.
Este artigo é apenas para
discussão acadêmica.
A exatidão da teoria precisa ser
confirmada por outros experimentos.
De acordo com sugestões de
leitores, foi excluído o conteúdo da análise de eficácia relacionada a medicamentos.
Devido aos efeitos colaterais dos
medicamentos, consulte um médico qualificado para obter informações detalhadas
sobre o tratamento e não pratique automedicação.
Esperamos que estas descobertas
tragam novas idéias para as pessoas e inspirem a confiança em derrotar o vírus.
Instituição: Universidade de
Ciência e Engenharia de Sichuan - China
Notas das versões
1. Com base em sugestões de
leitores, reescrevemos parte do conteúdo.
As conclusões básicas permanecem
inalteradas.
2. Novas descobertas:
1) Algumas proteínas estruturais
e não estruturais do vírus podem ligar-se à porfirina. O mecanismo detalhado
não está claro.
2) Por acoplamento molecular, ORF3
e ORF10 podem ser incorporados na desoxihemoglobina, respectivamente. Isto é
comprovado ainda por cálculos de que proteínas virais podem atacar a
hemoglobina [sic]. [Numa
redação mais concisa: Isto comprova os cálculos de que as proteínas virais
podem atacar a hemoglobina].
3. Resumo: Adicionada explicação
para coagulação e fibrose.
4. Introdução: Explicada a relação
entre esta teoria e hipoxemia, coagulação, fibrose, células mononucleares e
outros fenômenos clínicos.
Relacionadas as possíveis rotas para
a infecção de glóbulos vermelhos.
Listados os sintomas semelhantes
à porfiria.
5. Método: adicionada lista de
proteínas da COVID-19.
6. Resultados:
1) Excluído o conteúdo da análise
de eficácia de medicamentos.
2) Reprocessados os dados do modelo.
7. Discussão: infecção de
glóbulos vermelhos e hemólise imune.
8. Conclusão: Adicionada explicação
sobre o mecanismo patogênico.
Esta recentíssima matéria, também auto-explicativa e didática, corrobora
inúmeros aspectos dos dois tópicos anteriores (Doença sistêmica endotelial e
Doença hematológica viral).
A seguir, a tradução de alguns trechos que evidenciam estes
aspectos.
Mini organs reveal how the coronavirus ravages the
body
The virus can damage lung, liver and kidney tissue
grown in the lab, which might explain some severe COVID-19 complications in
people.
Nature.com - Nature
Research Journal
By Smriti Mallapaty
22.06.2020
Versão:
Alfredo Cyrino
[Nota do tradutor: Nas pesquisas aqui
reportadas, os cientistas cultivam organóides (mini-órgãos), a partir de
células-tronco humanas, para estudar os efeitos do vírus sobre os mesmos.]
Mini-órgãos revelam como o
coronavírus agride o corpo
O vírus pode danificar tecidos
pulmonares, hepáticos e renais cultivados em laboratório, o que pode explicar
algumas complicações graves da COVID-19.
Pesquisadores estão cultivando
órgãos em miniatura, em laboratório, para estudar como o novo coronavírus agride
o corpo. Os estudos desses organóides estão revelando a versatilidade do vírus quanto
a invadir órgãos, dos pulmões ao fígado, rins e intestinos. Os pesquisadores
também estão experimentando drogas nesses mini-tecidos, para determinar se
essas terapias podem ser candidatas ao tratamento de pessoas.
...
...
...
Vários grupos estão utilizando estudos
com organóides, para determinar para onde o vírus "viaja", quais
células infecta, e quais danos ele causa.
...
...
...
Os organóides demonstram melhor o
que o SARS-CoV-2 faz com os tecidos humanos, diz Núria Montserrat, bióloga de
células-tronco do Instituto de Bioengenharia da Catalunha, em Barcelona,
Espanha. Eles podem ser cultivados para incluir vários tipos de células e
assumir a forma do órgão original, em semanas, diz Montserrat.
...
...
...
Mas, os estudos sobre o SARS-CoV-2
em organóides têm limitações, porque não refletem as interações entre os órgãos,
que ocorrem no corpo, o que significa que os resultados ainda precisam ser
validados em modelos animais e estudos clínicos, diz Bart Haagmans, virologista
no Erasmus MC em Roterdã, na Holanda.
...
...
...
Ataque ao sangue
Dos pulmões, o SARS-CoV-2 pode se
espalhar para outros órgãos, mas os pesquisadores não tinham certeza de como
exatamente o vírus estava se disseminando, até Montserrat e seus colegas
publicarem um estudo na "Cell", em 4 de maio de 2020. Em experimentos
com organóides, também realizados a partir de células-tronco pluripotentes,
eles demonstraram que o SARS-CoV-2 pode
infectar o endotélio - as células que revestem os vasos sanguíneos - o que
permite que partículas virais atinjam o sangue e circulem pelo corpo. Os relatórios de patologia de
vasos sanguíneos danificados, em pessoas com COVID-19, também apóiam essa
hipótese, diz Josef Penninger, engenheiro
genético da Universidade da Colúmbia Britânica em Vancouver, Canadá, e co-autor
principal do estudo.
...
...
...
Estudos em organóides sugerem que, uma vez no sangue, o vírus pode infectar diretamente
vários órgãos, incluindo o rim, afirmam
Penninger e Montserrat. Embora o vírus tenha infectado os organóides renais e
algumas células tenham morrido, os pesquisadores não têm certeza se essa é a
causa direta da disfunção renal observada em alguns pacientes.
...
...
...
Imensuráveis e irreparáveis
efeitos, ainda em curso, do flagelo da COVID-19...
· Perdas de vidas humanas.
· Famílias devastadas.
· Seres humanos "recuperados" com seqüelas.
· Seres sencientes abandonados, esfomeados.
· Colapsos nos sistemas de saúde pública.
· Pacientes de outras doenças graves, desatendidos.
· Uma legião de futuros novos pacientes
psiquiátricos.
· Profissionais de saúde atingindo limites de
resistência física e psicológica.
· Sistemas de produção e logística globalmente desarticulados.
· Encerramento massivo de empreendimentos e empresas
de todas as categorias.
· Perda massiva de empregos.
· Aumento da violência, sob todas as formas
imagináveis.
· Prejuízos aos sistemas e instituições de ensino, em
todos os níveis.
· Perdas de períodos letivos, ainda não avaliadas, em
todos os níveis.
· Crises econômicas por todo o planeta.
· ...
Infelizmente, uma realidade
distópica.
Pode-se dizer
que, nesta guerra, estamos ainda na defensiva, recorrendo a...
· Isolamento ou distanciamento social;
· Medidas de proteção individual, como máscaras, face
shields etc.
· Testes para detecção da doença e de suas fases;
· Tratamento dos pacientes, com os medicamentos
atualmente disponíveis, eventual internação hospitalar, conforme a gravidade de
cada quadro.
Entretanto...
Nunca, tantos cientistas, médicos
e demais profissionais relacionados, por todo o planeta, munidos de tantos
recursos financeiros e tecnológicos, e participando de um intercâmbio tão
intenso de informações, estiveram tão aplicados a...
· Desvendar os detalhes funcionais, estruturais e
"comportamentais" de um vírus, bem como todas as suas interações com
o organismo humano.
· Determinar, através de simulações em
supercomputadores e ensaios clínicos, os potenciais de incontáveis medicamentos
reposicionados (tirados de suas indicações originais) para possivelmente "obstruir"
os caminhos utilizados pelo vírus ao invadir as nossas células.
· Construir e manter bases de informações relativas
ao uso prático dos medicamentos reposicionados mais promissores, em termos de
eficiência, segurança, efeitos secundários etc., bem como protocolos para a sua
aplicação (especialmente em hospitais de ponta).
· Desenvolver uma vacina contra um vírus, em um
período de tempo extraordinariamente curto, inclusive sob programas de testagem
acelerada, adotando linhas de pesquisa bastante diversificadas, todas
aparentemente caminhando para ótimos resultados.
Enfim, tarefas
hercúleas e inéditas para a Humanidade, empreendidas por gente dedicada, metódica,
rigorosa, proativa e, sim, altruísta.
Confiemos em que
as soluções definitivas surgirão em breve.
Resiliência e Fé !
fev-2020 - jun-2020