Olhos cansados.
Formas, cores, detalhes
esmaecidos.
Ainda os vejo.
Novas dores, a cada dia.
Ainda as suporto.
Aquela força brutal.
Ainda me move.
Coração marcado de perdas e amarguras.
Ainda vibra.
Memórias metálicas, de bom e de ruim.
Ainda irrompem.
Sempre as domino.
Mente fatigada.
Ainda aprende,
ensina,
analisa, resolve, cria,
argumenta, contesta.
Lugar, lar, alimento, vestes,
pensamento, liberdade.
Bênçãos
reais, nestes tempos de expiação.
Mulher das minhas vidas.
Dádiva onipresente.
Família, pessoas, virtudes,
fraquezas, intenções, omissões.
Prover palavras de
restauro e retidão.
Tanto da pungente aventura humana
já testemunhou esta alma
sempiterna!
Por que hedonismo,
narcisismo, vaidade, negligência, inação?
Cadê estoicismo,
singeleza, humildade, responsabilidade, proatividade?
Cansado de tentar mover
aqueles que deveriam fazer o que
tem de ser feito,
pois meras palavras não irão
modificar seres humanos.
Desejando ser muitos eus
capazes de fazer tudo o que tiver
de ser feito,
plenamente, o melhor possível,
nos precisos momentos das
necessidades.
Mas, tendo de aceitar a minha
insignificância.
Enorme cansaço, não por fazer e
fazer.
Cansaço por desalento.
fev.2022 – nov.2024
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®